Lisboa, 29 nov 2021 (Lusa) -
O reeleito presidente do PSD, Rui Rio, afirmou hoje que vai valorizar na construção das listas de deputados às legislativas “a competência e a lealdade”, mas rejeitando “uma limpeza étnica” dos apoiantes de Paulo Rangel.
Em entrevistas transmitidas hoje à noite pela SIC e pela CNN Portugal, Rio disse que ainda não decidiu se proporá ou não uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, considerou que teria sido “mais prudente” a Carlos Moedas ter-se mantido neutral até ao fim nas diretas do PSD e afirmou que o fim dos debates quinzenais do primeiro-ministro no parlamento foi das “principais” coisas que fez no seu mandato.
Questionado pela SIC se, na elaboração da lista de deputados, vai tratar da mesma forma os seus apoiantes e os de Paulo Rangel, o presidente do PSD admitiu que “não será exatamente assim”, dizendo que, se em primeiro lugar, a escolha será em função da competência, também terá em conta a lealdade.
“Se for chefe e tiver alguém que é competente, mas for desleal não lhe serve para nada. Se for leal, mas incompetente também não”, disse, afirmando que terão de se equilibrar estas duas valias.
Ainda assim, Rio não considerou que o facto de alguém ter apoiado Rangel significa automaticamente que foi desleal: “Vamos fazer uma medição da competência e todo o comportamento ao longo de toda a legislatura”.
Sobre o mesmo tema, à CNN Portugal, Rio disse até ter dificuldade em compreender quem sempre esteve contra si e que pretende continuar nas listas, mas garantiu que “não se vai fazer uma limpeza étnica”, dizendo que não “prometeu nada a ninguém”, mas que “também não será ingrato” para quem o apoiou.
À mesma estação, o presidente do PSD recusou que tenha ficado zangado com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa pelo seu almoço com Paulo Rangel, considerando que Moedas “é um elemento com o qual o PSD conta”.
“Se tinha como ideia não apoiar ninguém, tinha sido mais prudente manter-se assim até sábado, mas ninguém se zanga”, admitiu, contudo.
Na conversa com a SIC, Rio respondeu também ao líder do PS, António Costa, que no domingo afirmou que terá uma tarefa muito difícil a unir o PSD.
“Há um PSD dividido porque sai eleições internas, mas há um PS dividido até em torno da possível sucessão de António Costa. Se temos essa dificuldade, o PS também a tem”, afirmou.
Rui Rio admitiu que ainda não tem uma decisão sobre uma eventual coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, dizendo estar “a fazer uma reflexão” em conjunto com a sua direção sobre eventuais alianças quer com os democratas-cristãos, quer com o PPM, como acontece nos Açores.
“Quero ouvir as pessoas, no limite é o Conselho Nacional que tem de decidir”, afirmou, considerando haver “vantagens e desvantagens” quer na coligação, quer em listas próprias.
Questionado se acredita que o PS poderá viabilizar um eventual governo minoritário do PSD, Rio admitiu que tal nunca aconteceu.
“Quero acreditar que o PS pode evoluir e perceber que só tem a ganhar se tiver sentido de responsabilidade”, afirmou, na SIC.
Questionado pela CNN Portugal sobre o cenário inverso - o PSD vencer, mas a esquerda conseguir formar maioria como em 2015 - Rio considerou que António Costa “não terá condições para reeditar a geringonça”.
Se perder as eleições, Rio não se comprometeu a cumprir integralmente o mandato de dois anos para que foi eleito no sábado, mas também não repetiu que sairá ao fim de uns meses, como chegou a afirmar numa entrevista à TVI durante a campanha.
“Em função das circunstâncias, logo se vê o que é melhor para o partido”, disse.
Na mesma estação e questionado sobre o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro, decisão que passou por um acordo com o PS e muito criticada por Paulo Rangel, Rio defendeu que foi das coisas “principais” que fez no seu mandato, reiterando que o primeiro-ministro não pode estar “semana sim, semana não” no parlamento a responder sobre todos os temas da governação.
No sábado, Rui Rio foi reeleito presidente do PSD com 52,43% dos votos, contra os 47,57% do eurodeputado Paulo Rangel.
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